segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Propaganda e adolescentes: linguagem e sedução

Quando falamos em comunicação para adolescentes temos que considerar as várias formas usadas para se passar essas informações, além disso observar se ela realmente utiliza-se de argumentos e linguagens apropriadas para o mundo em que o jovem vive.

Partindo daí percebemos uma grande carência no que diz respeito a programas, na mídia aberta, que falem diretamente ao adolescente e o pouco que é oferecido não chega claramente ao jovem. Este problema, muitas vezes, se dá pela falta de intimidade e conhecimento que o profissional tem em relação ao adolescente, assim deixando nítido que ele não está preparado para levar a informação para o público de destino, mas para o seu próprio público, da sua faixa etária e com a sua linguagem.

São pouquíssimos os que realmente conseguem levar a informação de forma que o adolescente seja atingido e que chame a sua atenção, fazendo com que perceba que a reportagem é direcionada para ele, fazendo com que haja dessa forma uma identificação mais rápida e em conseqüência uma assimilação, por parte do jovem, mais clara e direta. Generalizando a situação, em se tratando da comunicação nos programas de televisão é possível ver que as reportagens e as informações são apresentadas de forma compacta e sintetizada o que, muitas vezes, não atinge o público adolescente, mesmo que a mensagem seja para ele, isso mostra que raramente as matérias tem o hábito de diferenciação dos públicos em formato e linguagem. Desta forma percebemos que os programas não enxergam e não diferenciam o público adolescente, o qual espera, como todos os outros públicos, receber informações que dizem respeito ao seu mundo, seus hábitos e seus semelhantes. Para exemplificar o uso de linguagem apropriada para o público adolescente observamos o exemplo de dois programas de televisão: Programa Livre e Malhação.

O Programa Livre, extinto programa do SBT, falava diretamente ao jovem lançando temas e discussões que alertavam a curiosidade e atenção deste público, utilizando a irreverência como principal arma para fazer com que a platéia participasse e se sentisse parte integrante daquele grupo em debate. O programa fazia com que Serginho Groismann, seu apresentador, se tornasse o porta-voz do jovem.

Propiciar espaços onde essas adolescentes possam simplesmente ser o que são e consigam se expressar quanto a sentimentos e expectativas num ambiente de acolhimento pode ser muito mais eficaz do que panfletos científicos, apesar de uma conduta não excluir a outra. (PIGOZZI, 2002, p. 116)

Outro programa direcionado para o adolescente com formato, linguagem e temas apropriados para a faixa etária é a novela Malhação, apresentada durante a semana. Com personagens jovens e apresentada e locada em escola, clubes e república, tenta retratar a realidade deste público através dos mais variados problemas e dúvidas como: sexo, namoro, escola, amigos, brigas e outros temas. Fazendo com que o jovem se enxergue nas situações vividas pelos personagens.

De tantos programas oferecidos na mídia de massa aberta distinguem-se estes dois como sendo direcionados aos adolescentes com linguagem e formato bem específicos. Genericamente a televisão não consegue enxergar o jovem como sendo um público que também necessita de informação, de conhecimento e que, além disso, possui muitas fantasias e dúvidas nos mais variados assuntos, principalmente em relação à sua sexualidade, tema pouco explorado na mídia, mas de grande interesse e curiosidade para os adolescentes.

Entrando na publicidade e na sua comunicação para os adolescentes percebemos grande diferenciação comparando com as apresentadas acima. Se nos programas de televisão, em sua maioria, a linguagem não está apropriada para o jovem e não o enxerga como público ativo, na publicidade este panorama muda radicalmente, pois além de enxergar, ela utiliza-se dos mais variados recursos para convencê-lo, persuadi-lo e integrá-lo à sociedade de consumo de uma determinada marca, fazendo com que sinta-se parte integrante deste mundo e, consequentemente, do espaço em que ele visualizou como ideal para viver.

Carvalho (2003, p. 11) diferencia bem estes dois tipos de comunicação, o jornalismo e a publicidade, “Ao contrário do panorama caótico do mundo apresentado nos noticiários dos jornais, a mensagem publicitária cria e exibe um mundo perfeito e ideal [...].” Além de persuadir e manipular, a publicidade também faz com que o receptor da mensagem se transporte para um mundo ideal, para um lugar onde tudo é perfeito, onde todas as pessoas são maravilhosas e felizes.

É através desta linguagem que somos seduzidos e levados a determinadas atitudes e desejos. Sedução esta que faz com que a publicidade utilize-se de recursos e linguagens capazes de mudar, informar e manipular a atitude do consumidor perante determinados produtos ou idéia, ela é capaz de ordenar sem que o receptor perceba a intenção da mensagem.

Sabemos que na publicidade o adolescente é valorizado e visto como um público em potencial com suas diferenciações e linguagens próprias, mas em sua maioria nos comerciais, anúncios e outras propagandas ele apenas é visto como consumidor. São usadas estratégias para chamar a atenção do adolescente para determinadas marcas e produtos, mas pouco se fala nas atitudes, comportamentos e em temas que possam ajudá-lo no desenvolvimento e crescimento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARVALHO, Nelly de. Publicidade: a linguagem da sedução. 3. ed. São Paulo: Ática, 2003.

PIGOZZI, Valentina. Celebre a autonomia do adolescente: entendendo o processo de iniciação na vida adulta. São Paulo: Editora Gente, 2002.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Propaganda e adolescentes: linguagem e sedução

Quando falamos em comunicação para adolescentes temos que considerar as várias formas usadas para se passar essas informações, além disso observar se ela realmente utiliza-se de argumentos e linguagens apropriadas para o mundo em que o jovem vive.

Partindo daí percebemos uma grande carência no que diz respeito a programas, na mídia aberta, que falem diretamente ao adolescente e o pouco que é oferecido não chega claramente ao jovem. Este problema, muitas vezes, se dá pela falta de intimidade e conhecimento que o profissional tem em relação ao adolescente, assim deixando nítido que ele não está preparado para levar a informação para o público de destino, mas para o seu próprio público, da sua faixa etária e com a sua linguagem.

São pouquíssimos os que realmente conseguem levar a informação de forma que o adolescente seja atingido e que chame a sua atenção, fazendo com que perceba que a reportagem é direcionada para ele, fazendo com que haja dessa forma uma identificação mais rápida e em conseqüência uma assimilação, por parte do jovem, mais clara e direta. Generalizando a situação, em se tratando da comunicação nos programas de televisão é possível ver que as reportagens e as informações são apresentadas de forma compacta e sintetizada o que, muitas vezes, não atinge o público adolescente, mesmo que a mensagem seja para ele, isso mostra que raramente as matérias tem o hábito de diferenciação dos públicos em formato e linguagem. Desta forma percebemos que os programas não enxergam e não diferenciam o público adolescente, o qual espera, como todos os outros públicos, receber informações que dizem respeito ao seu mundo, seus hábitos e seus semelhantes. Para exemplificar o uso de linguagem apropriada para o público adolescente observamos o exemplo de dois programas de televisão: Programa Livre e Malhação.

O Programa Livre, extinto programa do SBT, falava diretamente ao jovem lançando temas e discussões que alertavam a curiosidade e atenção deste público, utilizando a irreverência como principal arma para fazer com que a platéia participasse e se sentisse parte integrante daquele grupo em debate. O programa fazia com que Serginho Groismann, seu apresentador, se tornasse o porta-voz do jovem.

Propiciar espaços onde essas adolescentes possam simplesmente ser o que são e consigam se expressar quanto a sentimentos e expectativas num ambiente de acolhimento pode ser muito mais eficaz do que panfletos científicos, apesar de uma conduta não excluir a outra. (PIGOZZI, 2002, p. 116)

Outro programa direcionado para o adolescente com formato, linguagem e temas apropriados para a faixa etária é a novela Malhação, apresentada durante a semana. Com personagens jovens e apresentada e locada em escola, clubes e república, tenta retratar a realidade deste público através dos mais variados problemas e dúvidas como: sexo, namoro, escola, amigos, brigas e outros temas. Fazendo com que o jovem se enxergue nas situações vividas pelos personagens.

De tantos programas oferecidos na mídia de massa aberta distinguem-se estes dois como sendo direcionados aos adolescentes com linguagem e formato bem específicos. Genericamente a televisão não consegue enxergar o jovem como sendo um público que também necessita de informação, de conhecimento e que, além disso, possui muitas fantasias e dúvidas nos mais variados assuntos, principalmente em relação à sua sexualidade, tema pouco explorado na mídia, mas de grande interesse e curiosidade para os adolescentes.

Entrando na publicidade e na sua comunicação para os adolescentes percebemos grande diferenciação comparando com as apresentadas acima. Se nos programas de televisão, em sua maioria, a linguagem não está apropriada para o jovem e não o enxerga como público ativo, na publicidade este panorama muda radicalmente, pois além de enxergar, ela utiliza-se dos mais variados recursos para convencê-lo, persuadi-lo e integrá-lo à sociedade de consumo de uma determinada marca, fazendo com que sinta-se parte integrante deste mundo e, consequentemente, do espaço em que ele visualizou como ideal para viver.

Carvalho (2003, p. 11) diferencia bem estes dois tipos de comunicação, o jornalismo e a publicidade, “Ao contrário do panorama caótico do mundo apresentado nos noticiários dos jornais, a mensagem publicitária cria e exibe um mundo perfeito e ideal [...].” Além de persuadir e manipular, a publicidade também faz com que o receptor da mensagem se transporte para um mundo ideal, para um lugar onde tudo é perfeito, onde todas as pessoas são maravilhosas e felizes.

É através desta linguagem que somos seduzidos e levados a determinadas atitudes e desejos. Sedução esta que faz com que a publicidade utilize-se de recursos e linguagens capazes de mudar, informar e manipular a atitude do consumidor perante determinados produtos ou idéia, ela é capaz de ordenar sem que o receptor perceba a intenção da mensagem.

Sabemos que na publicidade o adolescente é valorizado e visto como um público em potencial com suas diferenciações e linguagens próprias, mas em sua maioria nos comerciais, anúncios e outras propagandas ele apenas é visto como consumidor. São usadas estratégias para chamar a atenção do adolescente para determinadas marcas e produtos, mas pouco se fala nas atitudes, comportamentos e em temas que possam ajudá-lo no desenvolvimento e crescimento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARVALHO, Nelly de. Publicidade: a linguagem da sedução. 3. ed. São Paulo: Ática, 2003.

PIGOZZI, Valentina. Celebre a autonomia do adolescente: entendendo o processo de iniciação na vida adulta. São Paulo: Editora Gente, 2002.

Nenhum comentário:

Postar um comentário